terça-feira, 14 de setembro de 2010

CRÔNICA DA SEMANA

Por: Zailton Silvestre
Êta lugarzinho politizado é esta Várzea Nova. Para se ter uma idéia, ainda nem aconteceram as eleições previstas para este ano e aqui já se fala no processo eleitoral de... 2012. Dizem que a origem de tudo está no consumo excessivo de carne de coelho.
É. Vai ver que é! Os nomes já circulam livremente à boca miúda e graúda. Além dos candidatos naturais e tradicionais, novos nomes são citados em conversas de botequins, reuniões de associações, festas de casamento, jogos de futebol, aniversário de boneca e por aí vai.
Dentre os novatos, três postulantes já tomaram a dianteira do processo sucessório.
O primeiro é o festejado e bem sucedido empresário Normilson Oliveira, atual presidente da Câmara de Vereadores.
Virtude: boa aceitação nas classes populares e larga experiência no ramo da política.
Defeito: fama de sovina e mão-de-figa.
O segundo é o fazendeiro e empresário Paulo Lopes, conhecido como Paulo da Farmácia, presidente do Conselho Comunitáriode Segurança de Várzea Nova.
Virtude: franqueza nas atitudes e senso de organização.
Defeito: centralizador e chegado a uma brejeira.
O terceiro é o jovem empresário João Hebert, também conhecido como Joãozinho da Estilo Móveis, que apresenta como maior handicap o DNA da família Araújo, atualmente no comando dos destinos de Várzea Nova.
Virtude: simpatia e cordialidade.
Defeito: pouco tempo de “estrada” na Princesinha do Sertão. Sei que a esta altura o leitor está intrigado com o título desta crônica.
Pois bem: chegou a hora de desvendar o mistério. Dando a largada com vistas ao pleito de 2012, os “jogadores” citados já “entraram em campo”.
E, aqui em Várzea Nova, não há quem não conheça os irmãos gêmeos univitelino João Antônio e Antônio João. Como se diz por aqui, a cara de um é o focinho do outro.
Um deles atende por Mulungu – apelido muitas vezes comum aos dois -, referência ao povoado que lhes deu origem.
A única coisa que os difere é que um é tímido enquanto o outro “está em todas”. Semana passada, na cavalgada do Sítio do Amigo Bigode, o microfone do carro de som deu bobeira e o Mulungu, percebendo a presença de Paulo da Farmácia no local, se derreteu em elogios. Apontando para ele, dizia: esse aí que é o homem! Paulo ficou todo-todo e, com o ego massageado, o peito ficou próximo de estourar a camiseta que usava.
Domingo último, outro evento. Desta feita no Bar de Morenita, reduto periférico de boêmios e políticos – e maridos brigados com esposas. Novamente o microfone quicando na área e o Mulungu, ao perceber o Joãozinho da Estilo Móveis bem colocado, não pensou duas vezes: aqui está o futuro de Várzea Nova, este jovem empresário, mesmo novato em nossa terra, tem tudo para ser um grande pref... Neste ponto foi interrompido por Paulo da Farmácia que acabava de chegar. Não acreditando no que via e ouvia, Paulo arrebatou o microfone das mãos de Mulungu e, valendo-se da franqueza que lhe é peculiar, segurou o Mulungu pelo braço e questionou: que homem é você, Mulungu? Quero que você repita aqui, na presença de Joãozinho, o que você estava dizendo lá na cavalgada de Bigode! O Mulungu, mais apertado que charuto na boca de bêbado, saiu-se com essa: lá não era eu não, Paulo! Lá era meu irmão gêmeo...

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