EDITORIAL, por José Carlos Benigno

Uma questão de opinião, e visão

Após o esclarecimento do internauta sobre o caso recente ocorrido em Ourolândia, onde dois homens foram perseguidos por policiais militares que estavam num gol vermelho, quando deveriam estar numa viatura padrão da Polícia Militar, precisamos pensar um pouco mais sobre o que tem feito, ou não, o governo do Estado em Ourolândia, e até nós mesmos em diversas ações, sobretudo, em relação as questões que envolvem segurança pública.
Poderíamos até explanar um pouco mais além deste rincão, mas vamos nos ater a comentar o que ocorre entre nós, aqui em Ourolândia.
Sem julgar fatos, mas mantendo a visão sobre eles, sem procurar culpados ou inocentes, porque esta não é a nossa função, mas analisando as consequências que sobram para nós, povo, diante da ‘operância’ de algumas pessoas e, principalmente, do governo estadual.
É fato:
Há um bom tempo já não vemos a viatura da Polícia Militar de Ourolândia rondando por ai. Quando a víamos, estava sempre caindo aos pedaços, sempre com algum problema mecânico ou ainda com pneus carecas, sem a mínima condição de ser um veículo para a função proposta e ainda oferecendo risco à vida dos policiais que nela estivessem.
É necessário frisar aqui o excelente trabalho que a polícia Militar vem fazendo frente ao crime em Ourolandia, mas para que estes policiais desenvolvam seu trabalho tem sido necessário que empresários e principalmente a prefeitura contribuam com abastecimento de gasolina, pois a cota do governo é mísera e nem daria para uma única ronda policial noturna. Quando a viatura quebra, ou precisa de manutenção, se a prefeitura não mandar consertar, acaba virando sucata. E já que estamos falando disso, o quartel onde fica sediado o Órgão sequer oferece condições dignas aos policiais, mas ainda assim é preciso dizer que também é a prefeitura quem paga o aluguel.
Apesar de ter ficado dois anos como secretário de Administração de Ourolândia, apenas de ‘fachada’, usado como ‘boi de piranha’, mas ainda assim serviu-me para perceber o quanto o governo do estado empurra as coisas pra cima de uma prefeitura que já tem tantas coisas empurradas a ela pelos próprios gestores.
Deixando um pouco a questão segurança pública, questiono: para que existe a Embasa?
A prefeitura de Ourolândia banca os caros sistemas de abastecimento de água de quase todos os povoados do município. Isso sem pessoal qualificado para lidar com a questão qualidade da água, sem equipamentos químico-físicos e com dinheiro que poderia estar sendo aplicado em outras questões mais primordiais, pois a água deveria estar jorrando com qualidade pelas torneiras do povo através da Embasa e a conta sendo paga pelo próprio povo, a exemplo dos tantos outros municípios do país.
Ainda sobre água, outro absurdo de Ourolândia: milhares de cabeças de gado de fazendeiros da região bebem água de poços artesianos que são mantidos pela Prefeitura. É o dinheiro dos pobres que não podem criar gado, criando gado dos ricos.
O transporte dos alunos da rede estadual é feito pelo transporte escolar do Município.
Enquanto isso veja a condição das ruas de Ourolândia e dos seus povoados...
Veja a qualidade da limpeza pública, como é feita em caçambas velhas que mais sujam que limpam...
Veja as reclamações do povo aqui mesmo neste blog sobre a falta de iluminação pública...
Sobre a falta de médicos nos postos de saúde, onde enfermeiras e enfermeiros passaram a fazer o papel de médicos por falta desses profissionais em quantitativo suficiente... (nada contra nenhum deles, são todos excelentes profissionais, até porque, apesar de tudo, entendo ser o que de melhor existe na vida pública de Ourolândia)
Ouça os fornecedores da prefeitura, que num passado não muito distante reclamavam, e ainda reclamam...
Veja as máquinas e caminhões da prefeitura...
Procure pela patrol do município, pelos tratores, pelas camionetas...
Se analisarmos mais profundamente veremos que as verbas para a execução das ações destes questionamentos que faço, grande parte delas está aplicada exatamente em atuações que deveriam ser de obrigação da iniciativa privada, do governo do Estado, ou até mesmo das suas estatais.
É como se o município tivesse sendo sugado por uma grande seringa, e com isso, ajudar a fazer uma imagem surreal daquilo que acontece em nível estadual. Convenhamos, há nesta questão uma grande inversão de valores, pois o Estado deveria fazer exatamente o contrário.
Governar transferindo responsabilidades é fácil.
E não digam pelo amor de Deus que o dinheiro de tudo que se faz aqui é do governo federal! Em síntese, toda verba que é destinada à Ourolândia e a cada cidade deste país é fruto das suas próprias arrecadações.
Tá na hora de começarmos a pensar um pouco mais nisso.
Finalizo aqui deixando um alerta ao jovem prefeito Cícero Oliveira para que não se contamine e fique atento a todas estas questões!
Aproveito ainda para desejar muita sorte a toda equipe frente a esta árdua e difícil missão de governar um município que é sugado de todo jeito, a todo instante, por tanta “gente”.
Ourolândia, 16 de fevereiro de 2011.
José Carlos Benigno