A tecnologia favorita da ficção científica começa a ganhar asas num dos lugares mais improváveis do mundo: o Haiti. O projeto de um veículo que dispensa rodas e flutua perto do chão promete ser a solução para o transporte de pessoas, alimentos e medicamentos em locais com estradas ruins ou mesmo inexistentes. Nenhum lugar mais apropriado para começar os testes de uma invenção desse tipo do que no país devastado por um terremoto no ano passado. O governo da República Dominicana está ajudando na reconstrução do vizinho e se interessou em financiar um projeto piloto, idealizado para propiciar transporte de medicamentos, pessoas e alimentos. Mais do que revolucionário, o carro voador nasce humanitário.
O projeto, chamado de Matternet, no entanto, vai além de construir algo que saia voando como o Delorean, do filme “De Volta para o Futuro”, de 1985. O objetivo dos idealizadores, ligados à Singularity University, nos EUA, é criar todo um sistema de transporte, que poderia abranger um território tão grande quanto a África. Além dos veículos, a rede seria composta de postos de reabastecimento das baterias, movidas a energia solar. Nada mais apropriado para o continente africano, onde a maior parte da população vive em áreas rurais, em que as poucas estradas se tornam intransitáveis com uma chuva qualquer. “Queremos mudar o paradigma e perguntar: ‘Realmente precisamos de estradas?’”, diz um dos membros da equipe do Matternet, Arturo Pelayo.
O projeto ainda está no começo da primeira fase. Por enquanto, só existe um protótipo que pode voar com apenas um quilo de carga, por até três quilômetros, numa velocidade máxima de 75 quilômetros por hora. Ele flutuaria graças a quatro hélices direcionadas para o chão – ideia parecida com a do Hammerhead, projeto que nunca saiu da tela do computador e que usaria turbinas para garantir a flutuação. Outra empresa, a AeroVironment, também trabalha num projeto parecido ao do Matternet. Audi, Alfa Romeo e Honda já mostraram conceitos voadores, mas eles são mais eficientes para fazer cair queixos nos salões de automóveis do que para revolucionar os transportes.
Com o Matternet é diferente. Até o fim de 2012, os projetistas e engenheiros pretendem ter aperfeiçoado o protótipo atual, que deve percorrer dez quilômetros sem a necessidade de recarregar as baterias. Até 2021, espera-se um sistema interligado de veículos e postos de recarga das baterias, em que cada carro percorreria até 100 quilômetros, com cargas de até mil quilos, substituindo motos e caminhões (leia quadro abaixo).
Com o Matternet é diferente. Até o fim de 2012, os projetistas e engenheiros pretendem ter aperfeiçoado o protótipo atual, que deve percorrer dez quilômetros sem a necessidade de recarregar as baterias. Até 2021, espera-se um sistema interligado de veículos e postos de recarga das baterias, em que cada carro percorreria até 100 quilômetros, com cargas de até mil quilos, substituindo motos e caminhões (leia quadro abaixo).
“Por causa da grande utilidade da nossa tecnologia, o maior desafio será limitar as opções para uma primeira aplicação”, disse à ISTOÉ Caitlin Sparks, fundadora do projeto. “Só então poderemos dar a escala adequada para algo que certamente terá uma grande demanda mundial”, explica. O futuro chegou.
*Reportagem de André Julião
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