terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CARTA DO INTERNAUTA ZÉ DAS DORES

Prezado Zé,
Não entrei em contato com você antes porque estive viajando, mas já estou de volta a minha querida cidade. Faço a você um convite para conhecer minha terra, Zé, a cidade de Mamolândia.
Pelo que me dizem ela é muito parecida com a sua, até nos nomes elas têm certa similaridade. Tem ouro aí Zé? Pois aqui o que tem de mais é mamão. Aliás, aqui ocorre um fenômeno muito interessante: uma parte das pessoas daqui nascem com um mamão no lugar da cabeça, é muito estranho. Eu até hoje não descobri porque mamão, e não outra fruta? Deve ser porque mamão é tão elogiado nos tratados de medicina natural.
As revistas especializadas falam que o mamão serve para tanta coisa, que é só a gente lê um artigo sobre a fruta numa dessas revistas, que já faz logo o propósito de comer mamão todos os dias, pelo resto da vida. Dez dias depois de comilança de mamão, ninguém quer ver mais mamão pela frente. Mas dizem que é muito bom para soltar os intestinos.
Por falar nisso Zé, o povo aqui de Mamolândia é muito criativo. Sabe aquelas sacolas plásticas de supermercado, aquelas de alças que se rasgam ao menor esforço? Pois bem, as que chegam inteiras em casa muita gente usa como vaso sanitária. De vez em quando a gente encontra pelas calçadas aqueles pacotinhos de plástico branco bem amarradinhos, jogados à beira das calçadas. Não é inteligente? Isso acontece porque aqui em Mamolândia há muitas casas que não têm instalações sanitárias, nome pomposo com que a gente batizou o antigo cagador. Não é chique? Mas só prá você morrer de inveja: já estão instalando a rede de esgoto na cidade, banheiros a gente faz depois, não é mesmo?
Mas tem um probleminha Zé, é que a empresa encarregada dos serviços se perdeu um pouco, e hoje não sabe se tapa os buracos que já fez ou se faz outros para continuar o serviço. Dizem que até o fim do ano eles decidem.
Enquanto isso a gente vai comendo o pó que o diabo amassou e tropeçando nas pedras deixadas a esmo, enfiando o pé em um buraco aqui outro acolá e tendo paciência, afinal, nada se consegue sem sofrimento.
Tem gente reclamando que se continuar assim, a cidade de Mamolândia vai virar um imenso tobogã. Calma gente!!!
Tem outra coisa daqui Zé que você vai adorar. Nós somos donos de uma maravilhosa cultura musical. Os concursos acontecem sempre nos fins de semana. É assim: três veículos ficam parados bem juntinho, um toca aché, outro pagode e outro um tal de arrocha. Aí as pessoas, todas jovens e elegantes, começam a dançar imitando chipanzés. Sensual Zé, uma maravilha. Uma letra diz: ‘ralaa não sei o que no chão’; outra: ‘chupa que é de uva’ e outra: ‘vai descendo até embaixo’. Um espetáculo estupendo de cacofonia e filosofia pura. Por sinal, todas as vezes que eu assisto, lembro de uma vez em que eu estava, à época de carnaval na capital do Estado, quando eu ouvi uma música que ficou gravada no meu inconsciente, linda, profunda e muito difícil de ser decorada. De vez em quando eu me esqueço da letra.... Lembrei! Era assim, Zé: ‘água, água mineral, água mineral, água mineral’. Não é difícil? Quanto à dança ‘macaqueante’, aqui de Mamolândia, que te falei, já existem alguns cientistas estudando o caso, tentando descobrir se será através da dança que o homem corre o risco de involuir e voltar a ser macaco.
Outro dia te falo mais das maravilhas de Mamolândia. De todo modo o convite está de pé, venha nos visitar.
Um grande abraço.
Zé das Dores

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