quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ARTIGO: Ainda há esperança?

Aprendi desde a mais tenra idade a sentir orgulho do meu Brasil. Um território imenso e dotado de tantas riquezas. Milhões de pessoas com o privilegio de se comunicar em uma única língua, de norte a sul, de leste a oeste. Fronteiras pacíficas com todos os vizinhos, água em abundância, recursos naturais incalculáveis, um povo bom e trabalhador, enfim, um país com tudo para ser grande em todos os sentidos. Então por que, tendo tudo para dar certo, nosso país é assim tão cheio de mazelas e tão desorganizado? Por que, sendo tão rico, temos tantos irmãos nossos em condição de miséria? Por que tudo que é de responsabilidade do estado funciona tão mal?
A despeito das melhoras dos últimos anos, a saúde não presta, a educação é sofrível, a segurança pública e uma farsa, a justiça não transmite confiança, os órgãos de controle são suspeitos, tudo nesse país deixa a impressão de que desordem faz parte da nossa normalidade. Quase nada há que mereça ser elogiado. Vez em quando a euforia da expectativa de um futuro melhor nos enche de esperança, então renovamos nossa fé no futuro apenas para, a seguir, a realidade desmentir a confiança recém renovada.
A continuada sucessão de escândalos que somos obrigados a assistir todos os dias, em todos os níveis da administração pública, mata aos poucos qualquer resíduo de esperança que ainda reste. Uma tragédia, uma vergonha! Em quem acreditar? Ministros de estado que se corrompem juntamente com seus quadros auxiliares; juízes que se vendem; autoridades policiais envolvidas com o crime organizado; marginais comandando suas organizações criminosas de dentro de presídios chamados de segurança máxima; uma classe política que parece ter sido selecionada do que há de pior na sociedade, preocupada somente com seus interesses, negociando tudo, inclusive a dignidade (se é que ainda existe alguma), tão somente para chegar e se manter no poder a qualquer preço, a qualquer custo. Somos uma sociedade que privilegia a esperteza, a ganância, a impunidade. Elegemos como heróis os que usam a inteligência e a influência para escaparem da lei. Segundo as estatísticas oficiais somente oito em cada cem crimes graves no Brasil são  apurados e punidos e, ainda assim, as punições são objeto de inúmeros privilégios. E comum ouvir-se dizer que no Brasil a honestidade não vale à pena, o crime sim. Corruptos de todos os tipos vivem décadas sem passar um dia sequer numa prisão ou ter devolvido um real que seja do que roubaram dos cofres públicos. Fortunas se erguem como surgidas do nada da noite para dia, muitas com origem no desvio de recursos públicos, sem que nada aconteça.
É muito provável que um infeliz ladrão de galinhas sofra nas prisões toda sorte de misérias, como é também  possível que quem rouba milhões do povo, chegue a ser vereador, deputado, prefeito, senador, ministro, ou quem sabe até presidente da república. O exemplo proporcionado pelos autores dessas falcatruas serve apenas para que todos passemos a ter, pelas virtudes humanas, uma visão totalmente invertida.
O mal passa a ser objeto de desejo, porque dá lucro, o bem e tido como algo que não compensa, porque exige sacrifícios para ser praticado. É de tal modo grave o quadro de imoralidade que enxergamos o pequeno saldo do nosso otimismo ceder lugar para o desânimo, pois tornou-se normal o desvio das condutas morais e o abandono da ética.
É possível ainda tentarmos mudar esse quadro? Vislumbrar um futuro com mais dignidade? Ainda esta semana uma juíza foi violentamente fuzilada porque cometeu a ousadia de aplicar a lei e condenar criminosos. Terá sido em vão a sua morte?
Li um artigo do ex-ministro Mailson da Nóbrega, no qual ele diz acreditar que um dia os corruptos irão para a cadeia, e que por fim a sociedade se organizará de modo a exigir a aplicação das leis, impedindo que a pouca vergonha germine e cresça tão bem adubada pela impunidade. Torço para que ele esteja certo e meu sonho de cidadania se realize. Tenho certeza de que  existem muitos homens e mulheres de bem em todos os segmentos da sociedade. O que precisamos é valorizá-los, e aprender a depositar confiança em quem de fato merece. A decisão que mudará a cara do Brasil começará quando os cidadãos não mais se permitirem assistir em silêncio essa sucessão interminável de desmandos e de roubalheiras.
Ainda acredito e tenho convicção de que não estou sozinho. Precisamos aproveitar esse momento de liberdade de imprensa e democracia para tornar evidente o nosso repúdio. Precisamos cuidar com muito amor da democracia tão duramente conquistada em nosso país. Ela ainda esta verde! Não podemos permitir que a corrupção generalizada a contamine de modo irreversível. Não podemos aceitar passivamente que ela apodreça sem sequer ter amadurecido.
E que Deus tenha piedade do nosso país.
Zé das Dores.

7 comentários:

  1. Bom texto, só não entendi qd no final Zé das Dores falou "que Deus tenha piedade de nós", o que aconteceu Zé das Dores deixou de ser ateu???

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  2. PARABENS PELO ARTIGO... PRECISAMOS DE MUDANÇAS URGENTE EM TODOS OS NIVEIS FEREDAL, ESTADUAL E MUNICIPAL; OUROLANDIA PRECISA REFLETIR EM QUEM DEVE ADMINISTRAR NO CIDADE TAO SOFRIDA E DESDE OUTUBRO DO ANO PASSADO COM O FECHAMENTO DAS EMPRESAS DE MARMORES E A MUDANÇA DE GESTOR QUE NAO É MAIS A MESMA, PENSAVA QUE UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO SERIA MELHOR PARA O NOSSO MUNICIPIO E ATE AGORA NADA FOI FEITO NAO TEMOS SAUDE , EDUCAÇAO , SEGURANÇA, E OUTROS MAIS.... SERA QUE REALMENTE SABEMOS DOS NOSSOS DIREITOS E DEVERES ? FICA MINHA PERGUNTA PARA QUALQUER CIDADAO RESPONDER

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  3. Vamos deixar a hipocrisia de lado quando nada por um momento. A desonestidade está entranhada no tecido social da sociedade brasileira, a começar no mundo dos negócios, onde é a regra; raramente os empresários separam negócios de trambiques, aliás para eles negócios sem trambiques não são negócios, o mínimo que se pratica é a sonegação de impostos. Esta é a verdade, pode até ser que as pessoas não gostem mas é a verdade.

    A desonestidade no setor público, a corrupção, é a mais divulgada, e deve ser, pois se trata do afanamento do dinheiro público e a defesa do interesse público deve pairar acima dos interesses individuais, sendo sua defesa responsabilidade de todos nós.

    Contudo, a defesa deste interesse em cidades pequenas é um problema e demanda cuidado por parte de quem mexe nesta casa de maribondo. Primeiro porque os cofres dos Municípios estão abarrotados de dinheiro depois da Constituição de 1988 pois os Municípios passaram a ser entes autônomos e com receitas próprias elevadas, o que aguçou a cobiça de quadrilhas embuçadas nos partidos políticos. Depois porque os "mamadores" de todos os tipos farão qualquer coisa contra quem se insurja para "melar" o osso atirado aos puxa-sacos.

    No passado recente quando qualquer chefete nomeava pessoas para ocuparem cargos sem concursos e eram estes vira-latas que tentavam morder, perseguir, quem se insurgia contra a corrupção disseminada pela ditadura, inclusive sob a forma de emprego no Estado pelo critério do puxa-saquismo. Por exemplo, o sujeito era nomeado delegado de polícia e professor do Estado por ser baba-ovo e demente, torturador, e descia mais um degrau na escala do puxa-saquismo, de vira-lata foi "promovido" a cérbero, tal é o caso de um conhecido delegado de Jacobina.

    O combate à corrupção passa por medidas simples, por exemplo, o cidadão dar execução às leis voluntariamente até a reforma do Judiciário ampliando a competência do Tribunal do Júri para a sociedade julgar seus próprios ladrões e não um juizo singular.

    Este comentário é de minha inteira responsabilidade; nada deve ser imputado a Zé Carlos. Abração Zé. Estou lhe devendo uns textos e não esqueci...

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  4. E-mail: ptnovais@hotmail.com

    Pq vcs ainda ñ adicionaram o link do face para podermos dividir com tdo mundo esse blog tão bacana?! Esse Zé das dores é bom com dor imagine sem!!?? Parabéns, ótimo desenvolvimento contextual...

    Patrícia

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  5. muito bem é como Tedy de Zé Moreira diz vc fala d+ e faz muito pouco

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  6. vc è muito folosofo só que falta agir em vez de falar

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  7. meu amigo Ze das virgem vc e um bom filosofo só que falta agir e também fazer por ourolandia;vc fala em Deus de uma forma que nâo da para acreditar que vc nâo acredita nele.Ze moreira seu amigo

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