quinta-feira, 10 de março de 2011

AJUDAR COMO?

Olá Zé, como vai?
Olha eu te incomodando outra vez. Mas agora é só para contar uma historinha de minha infância. Quando menino eu passava férias em companhia dos meus avós paternos. Eles tinham um pequeno sítio onde eu ficava na maior liberdade. Aquilo era tudo que sonhava então. Numa dessas ocasiões, ao chegar ao sitio, minha avó me mostrou uma porca enorme que estavam criando. Fiquei encantado. Ela era imensa, branca, extremamente dócil, foi amor à primeira vista. Coloquei nela o nome de BOLOTA.
Bolota tornou-se minha companheira de todas as horas, deitava-se no chão prazeirosamente, enquanto eu lhe coçava o ventre. Eu a alimentava com milho e mandioca todas as manhãs. Mas tinha um problema Zé; Bolota era muito suja, vivia se banhando num poço de lama atraz da casa de farinha do meu avô. Era horrível e fétida aquela lama. Resolvi dar um basta naquilo. Certo dia levei bolota à uma cacimba que havia ali perto e resolvi dar um banho em Bolota. Deixei-a linda, parecia uma princesa. Fiz com que me acompanhasse até casa e lhe dei a comer uma lata de vinte litros de pedaços de mandioca. Bolota parecia a porca mais feliz do mundo. Orgulhoso, fui correndo chamar minha avó para ver a transformação de Bolota. Chegamos a tempo de vê-la correndo em direção ao poço de lama, para ali mergulhar, jogando por terra todo meu trabalho. Várias vêzes tentei, mas Bolota sempre repetia o ritual de depois do banho de água limpa ir chafurdar-se no seu tão amado poço de lama. Com o tempo compreendi que Bolota nunca quis sair da sua lama. Eu é que estava errado, tentando ir de encontro à sua natureza. Aquela lama era o seu céu, seu lar. Nunca mais encontrei uma porca tão encantadora como Bolota. Nesses anos todos que já vivi, Zé, encontrei muitas Bolotas, não Bolotas porcas, mas Bolotas pessoas, que erradamente tentei ajudar a mudar, sem compreender que elas nunca quiseram mudar. Estão felizes na lama em que vivem.
Um grande abraço.
ZÉ DAS DORES

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