quarta-feira, 30 de março de 2011

OUROLÂNDIA: em tempo de eleição

Vale tudo?

No curso das disputas eleitorais as virtudes humanas da ética, da dignidade, da honra e da honestidade, são, na grande maioria das vezes arquivadas por certo tempo, porque a vitória tem que ser alcançada a qualquer preço. Vale então munir-se de tudo, verdade ou mentira, para derrotar quem se opuser ao desejo de poder dos candidatos. Nada se respeita, intimidades são expostas, calúnias, injúrias e difamações de toda ordem passam a ser a tônica do comportamento dos grupos que se digladiam numa quase guerra. Amizades e relações familiares são abaladas. Conflitos de tal modo ficam acirrados que até vidas já foram ceifadas por este país afora quando divergências eleitorais foram postas em evidência. A paixão política é de tal modo cega que mesmo pessoas pacatas e ordeiras modificam suas posturas ao ponto de desenvolverem uma visão totalmente maniqueísta sobre o que defendem nos períodos eleitorais. Cada facção tem uma verdade a defender num relativismo que beira a insanidade. O engraçado, se é que se pode ver algo engraçado nesta balbúrdia, é que não existem diferenças ideológicas entre os grupos em conflito. Todos pensam de modo exatamente igual e têm o mesmo objetivo comum de chegar ao poder, pelos meios que tiverem à mão. As adesões se dão ao sabor das vantagens que se pode obter, sem se levar em conta qualquer postura partidária. A falta de identidade ideológica dos políticos transformou os partidos em verdadeiros sacos de gatos. É tanto que recentemente o prefeito de São Paulo saiu de um partido de direita, para formar um partido, talvez de centro, indo, daqui a algum tempo, filiar-se a outro de esquerda. Será que ele pensa que passará a ser diferente, só por filiar-se à esquerda? Ora, se uma gata parir em um forno de padaria, seus filhotes deixarão de ser gatos e se transformarão em pães? As pessoas não se modificam apenas por estarem inseridas em uma agremiação política. As agremiações é que às vezes se deixam modificar pela influência de líderes carismáticos que se sentem muitas vezes mais importantes do que as instituições a que se filiam. O culto às personalidades faz com que, quase sem que se perceba, os líderes sejam endeusados impedindo uma avaliação das propostas e dos programas políticos. As pessoas são importantes, mesmo a paixão política é aceitável, o que não se deve é deixar de lado a analise crítica, de maneira que se possa fazer sempre a opção pelo melhor para todos.

MUCIO AZEVEDO

Um comentário:

  1. Ótima colocação, Srº Mucio... Todos os políticos possuem sim uma mesma ideologia. Complemento : Depois do poder nas mãos o homem não muda, mais cai a sua máscara certo de que toda regra tem exceção.
    Se você fosse um colunista tenha certeza que seria uma leitora assídua de seus textos, pois a cada vez que leio suas produções fico impressionada com a excelência com que as escreve.

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