Na linha de produção, os trabalhadores operam as máquinas que funcionam em três turnos. Estamos em Camaçari, cidade baiana de pujança industrial, cujo índice de emprego e renda é superior aos das cidades do ABC paulista. Avançamos 130 km em três horas de viagem e encontramos um cenário inverso. Estamos em Lamarão, município do semi-árido baiano que ocupa o nada honroso posto de segundo município do Brasil com os piores indicadores sociais.
A estrada esburacada da BA 400, há 15 anos sem intervenção, é o caminho que leva a um município que parece ter sido esquecido pelo desenvolvimento. Lamarão, situado a 20 km de Serrinha, tem aproximadamente 12 mil habitantes e um PIB 14.303.000. Programas assistenciais, aposentadorias, pensões e cargos públicos - quase sempre ocupados por pessoas de outras localidades - são as principais e praticamente únicas fontes de renda no município.
É lá que vive gente como Juliana dos Santos, 35 anos, numa casa de um cômodo e fogão de lenha na comunidade Traira I. Ela, o marido e os cinco filhos sobrevivem com uma renda de R$ 134,00 mensais do programa Bolsa Família. Seus filhos freqüentam a escola, mas ela estudou até a primeira série do ensino fundamental e não sabe escrever nem mesmo o próprio nome. Na casa ao lado vive Vera Lucia dos Santos, 44 anos, que sustenta a si e os quatro filhos com R$ 94 do Bolsa Família e uma pensão de R$ 510 recebida pela mãe, que é cega e não anda, depois de ter sofrido um derrame. Como muitos jovens da região, que tem um índice de evasão escolar de aproximadamente 14,4% dos 2.324 estudantes matriculados, uma das filhas de vera estudava, mas deixou a escola para trabalhar como catadora de latinha.
Estas duas Bahias são mostradas num panorama traçado pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisou indicadores de educação, saúde, emprego e renda de todos os municípios do Brasil. O estudo foi feito pela equipe econômica da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com um índice de 0,6093, numa faixa que vai de 0,0 a 1,0, a Bahia ocupa a 20º colocação dentre os 27 unidades da federação, sendo a 5º da região Nordeste. O resultado, no entanto, tira o Estado da faixa de desenvolvimento regular (entre 0,4 e 0,6), para a faixa de desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8), num crescimento de 2,8% entre 2006 e 2007.
Gargalo social - Apesar de ter sido o indicador que mais avançou, a educação segue sendo como o principal gargalo social da Bahia, com um índice de 0,5166 – faixa de desenvolvimento regular. Neste quesito, são avaliados indicadores como a distorção entre a idade e a série, docentes com diploma universitário, índice de evasão, número de horas de aula e o resultado do Ideb no ensino fundamental, além do número de matrículas na educação infantil. “Escolhemos indicadores que avaliassem a qualidade da educação nos municípios”, explica Guilherme Mercês, chefe da divisão de estudos econômicos da Firjan. Neste período, o indicador de saúde oscilou positivamente, enquanto o de emprego e renda teve um recuo de 0,4%.
Concentração - Os dados do IFDM também apontam uma grande concentração da população que vive em desenvolvimento moderado. Apenas 34 municípios, onde estão 43,3% da população baiana, alcançaram esta faixa. Mesmo assim, nenhum município do Estado faz parte do seleto clube das 226 cidades brasileiras em que a população vive num nível de alto desenvolvimento (entre 0,8 e 1,0). Os piores indicadores sociais da Bahia ficam nos grotões. Dez municípios ainda ocupam a faixa de “baixo desenvolvimento”, cujos índices estão 0,0 a 0,4. Além disto, 186 municípios baianos estão entre os 500 com pior IFDM do Brasil.
A estrada esburacada da BA 400, há 15 anos sem intervenção, é o caminho que leva a um município que parece ter sido esquecido pelo desenvolvimento. Lamarão, situado a 20 km de Serrinha, tem aproximadamente 12 mil habitantes e um PIB 14.303.000. Programas assistenciais, aposentadorias, pensões e cargos públicos - quase sempre ocupados por pessoas de outras localidades - são as principais e praticamente únicas fontes de renda no município.
É lá que vive gente como Juliana dos Santos, 35 anos, numa casa de um cômodo e fogão de lenha na comunidade Traira I. Ela, o marido e os cinco filhos sobrevivem com uma renda de R$ 134,00 mensais do programa Bolsa Família. Seus filhos freqüentam a escola, mas ela estudou até a primeira série do ensino fundamental e não sabe escrever nem mesmo o próprio nome. Na casa ao lado vive Vera Lucia dos Santos, 44 anos, que sustenta a si e os quatro filhos com R$ 94 do Bolsa Família e uma pensão de R$ 510 recebida pela mãe, que é cega e não anda, depois de ter sofrido um derrame. Como muitos jovens da região, que tem um índice de evasão escolar de aproximadamente 14,4% dos 2.324 estudantes matriculados, uma das filhas de vera estudava, mas deixou a escola para trabalhar como catadora de latinha.
Estas duas Bahias são mostradas num panorama traçado pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que analisou indicadores de educação, saúde, emprego e renda de todos os municípios do Brasil. O estudo foi feito pela equipe econômica da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Com um índice de 0,6093, numa faixa que vai de 0,0 a 1,0, a Bahia ocupa a 20º colocação dentre os 27 unidades da federação, sendo a 5º da região Nordeste. O resultado, no entanto, tira o Estado da faixa de desenvolvimento regular (entre 0,4 e 0,6), para a faixa de desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8), num crescimento de 2,8% entre 2006 e 2007.
Gargalo social - Apesar de ter sido o indicador que mais avançou, a educação segue sendo como o principal gargalo social da Bahia, com um índice de 0,5166 – faixa de desenvolvimento regular. Neste quesito, são avaliados indicadores como a distorção entre a idade e a série, docentes com diploma universitário, índice de evasão, número de horas de aula e o resultado do Ideb no ensino fundamental, além do número de matrículas na educação infantil. “Escolhemos indicadores que avaliassem a qualidade da educação nos municípios”, explica Guilherme Mercês, chefe da divisão de estudos econômicos da Firjan. Neste período, o indicador de saúde oscilou positivamente, enquanto o de emprego e renda teve um recuo de 0,4%.
Concentração - Os dados do IFDM também apontam uma grande concentração da população que vive em desenvolvimento moderado. Apenas 34 municípios, onde estão 43,3% da população baiana, alcançaram esta faixa. Mesmo assim, nenhum município do Estado faz parte do seleto clube das 226 cidades brasileiras em que a população vive num nível de alto desenvolvimento (entre 0,8 e 1,0). Os piores indicadores sociais da Bahia ficam nos grotões. Dez municípios ainda ocupam a faixa de “baixo desenvolvimento”, cujos índices estão 0,0 a 0,4. Além disto, 186 municípios baianos estão entre os 500 com pior IFDM do Brasil.
Blog do Clériston Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário