ENTREVISTA: CLÉA RIBEIRO, DE CURITIBA

O Ouro Notícias traz uma entrevista do sul do País com a ourolandense Cledineide da Silva Ribeiro, 28 anos, a Cléa, evangélica, Filha de José Soares Ribeiro Filho, o popular Zezé do Peixe e da saudosa Dona Elié Freire da Silva.
Cléa foi a 1ª bolsista ourolandense do ProUne. Hoje é acadêmica do curso de enfermagem, atualmente residindo em Curitiba-PR, onde está se graduando.
Ela cursou os ensinos fundamental e médio no Colégio Estadual e Centro Educacional Cinecista, ambos de Ourolândia, respectivamente.

Acompanhe:

Ouro Notícias: Desde quando você está em Curitiba?
Cléa: Desde janeiro de 2007

Ouro Notícias: Que caminho percorreu para chegar até a universidade?
Cléa: O primeiro passo foi fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2006, no qual alcancei uma boa nota; posteriormente me inscrevi no Programa Universidade para Todos (ProUni) conquistando uma bolsa de estudos integral para cursar Enfermagem na Faculdade Evangélica do Paraná. Através destes programas de governo cheguei à Universidade.

Ouro Notícias: Por que você escolheu a cidade de Curitiba para cursar Enfermagem?
Cléa: Sempre tive uma verdadeira paixão por Curitiba, mesmo sem conhecê-la. Quando fiz a inscrição para concorrer a uma bolsa de estudos do ProUni, Curitiba figurava como oportunidade além de grande metrópole e referência pela qualidade de educação e a saúde. Decidi, sem hesitar que nesta capital seria um dos melhores locais para eu fazer a Faculdade de Enfermagem, e me tornar uma enfermeira bem qualificada, um profissional de saúde diferenciado..

Ouro Notícias: Após a conclusão do curso, você pretende voltar para Ourolândia?
Cléa: Hoje, de imediato, não posso afirmar que retornarei para minha querida “terrinha”, devido já ter conquistado o meu espaço em Curitiba. Atualmente trabalho em um hospital como técnica de enfermagem, tenho casa própria, passei no concurso Estadual do Paraná já como enfermeira conquistando a 2ª colocação, para o qual aguardo ser chamada no próximo ano. Fiz muitas amizades e já me adaptei ao clima e à rotina da cidade. Entretanto, Ourolândia está sempre em meu coração, pois tenho nela minha amada família, meus amigos e uma grande chance de crescer profissionalmente. A única certeza que tenho neste momento é que estou me esforçando para ser bem sucedida profissionalmente, seja em Curitiba, Ourolândia ou em qualquer outra cidade.

Ouro Notícias: Que memórias te fazem recordar de Ourolândia?
Cléa: Muitas, mas em especial os ourolandenses, como um povo batalhador e cheio de esperança, sua cultura, suas comidas típicas, a política, a minha família e amigos.

Ouro Notícias: Infelizmente a cidade de Ourolândia ocupa ainda o 9º pior Índice de Desenvolvimento Humano do Estado (IDH), em função das reais situações básicas de vida dos seus habitantes, como saúde, conhecimento e padrão de vida. Que experiências você já acumula, tanto pelo que aprendeu no curso como pelo que vê e vive em Curitiba, vista como uma cidade de excelente qualidade de vida, que poderiam ajudar num trabalho de conscientização, melhoria educacional e comportamento humano para o povo de Ourolândia?
Cléa: Afirmo que já adquiri muitas experiências que poderão ser postas a serviço para ajudar minha querida cidade a sair da posição por mim considerada lamentável e alçar outro conceito desejável de vida e saúde. Na graduação, além do aprendizado técnico-cientifico nas diversas disciplinas de conhecimento, também aprendi a ter uma visão mais crítica, ampla e matura sobre a realidade e uma motivação para atuar como agente de mudanças caso necessário. Vejo que em Curitiba existem diversos projetos de cunho social e educacional que também poderão ser implantados em Ourolândia, entretanto vale lembrar que como enfermeira poderei contribuir na promoção e prevenção da saúde desenvolvendo práticas educativas em saúde voltadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando a melhoria da qualidade de vida e saúde, envolvendo o contexto social em que as pessoas estão inseridas numa ação conjunta de ações e estratégias com as Secretarias de Ação Social, de Educação, Saúde, o Governo municipal e a comunidade ourolandense.

Ouro Notícias: E que comparativo você faz em relação ao comportamento e costumes das pessoas?
Cléa: Sabe José Carlos, este foi um dos aspectos de maior desafio que encontrei: pessoas, crenças e costumes. Eu estava acostumada com pessoas mais receptivas, de fácil amizade e ajudadoras, com cultura diferente. Particularmente, considero os curitibanos, indivíduos que falam pouco, difíceis de fazer amizades, quase não dispõem de tempo, visto que trabalham muito. Embora não sejam tão receptivos como nós baianos, quando os conquistamos eles se revelam verdadeiros amigos.
Curitiba é uma cidade cosmopolita: tem uma grande quantidade de imigrantes oriundos de países como Itália, França, Portugal, Alemanha, Arábia e outros, o que faz sua culinária ser diversificada e muito apetitosa. Chamou-me bastante atenção o fato de aqui não ter nenhuma festa típica de rua, uma vez que na Bahia é festa o ano todo.

Ouro Notícias: Que mensagem você deixaria para os jovens de Ourolândia?
Cléa: Mantenham os olhos fixos em um ideal e lutem sempre pelo que desejarem, ultrapassem os obstáculos, lembrando-se que a educação é um dos melhores caminhos para alcançarem seus objetivos, sejam eles quais forem. O caminho do conhecimento é sem dúvida a mola propulsora que nos permite sonhar, transformar, e sermos sujeitos de nossa própria história. Preparem-se e sejam agentes modificadores de pessoas, ambientes e da vida.

Ouro Notícias: O que você gostaria de dizer para seus amigos e familiares neste momento?
Cléa: Sinto saudades de todos vocês, muitas vezes chorei e pensei em retornar devido às dificuldades encontradas e à separação do convívio familiar e dos amigos.Todavia, hoje, estou vivendo um dos melhores momentos da minha vida, conquistando os meus sonhos a cada dia. Sou agradecida a Deus por todas as oportunidades que me concedeu e a todos que acreditaram na minha vitória e me deram forças para prosseguir.