"Hora difícil para toda e qualquer pessoa a de cumprir a tarefa humanitária de sepultar um ente querido. Principalmente quando se trata de sua esposa, a companheira com quem dividiu momentos inesquecíveis durante anos. Sempre achamos que a morte pode acontecer a qualquer um, menos conosco ou com um dos nossos. Por isso, custamos a suportar a dor e aceitar a perda, pelo inesperado que chega e apaga a chama da vida. É neste momento que percebemos o quanto são inúteis a maioria dos valores que cultivamos e como somos pequenos diante das forças e mistérios da Natureza e do seu Criador.
No último dia 1º perdi a minha alma gêmea, a mulher que partilhou comigo treze inesquecíveis anos, regados sempre com muito amor, compreensão, respeito e cumplicidade. Perdi a minha Rosângela, Rosa, a minha “Fia”, a minha Ró querida, no vigor dos seus 31 anos e num momento em que tínhamos ainda muitos planos, muitos sonhos e uma enorme força para construí-los. Ruiu metade de mim. Busco no inimaginável as forças para ir tocando em frente e cumprir a missão de cuidar da nossa cria, nossa querida filha Cibele, de 12 anos, fruto de uma paixão que tinha tudo para durar para sempre.
Nada é para sempre, eu sei. Só não imaginava que seria tão cedo, que seria ela e não eu o primeiro a desencarnar. Mas, assim quis o destino nos dar esse golpe. A mim, resta compreender com resignação e guardar eternamente o sorriso fácil, o jeito moleca e a lembrança da mulher batalhadora, solidária e incentivadora do seu homem, alguém que nunca deixava a peteca cair mesmo nos momentos mais difíceis. Por uma feliz coincidência, nasceu a 8 de Março, dia historicamente dedicado às mulheres.
Adeus, meu amor. Que a eternidade me pareça breve e me seja real o doce sonho de um reencontro espiritual."
“Pela dor eu descobri o poder da alegria”
Jailton Britto (xiita), Jacobina, em 03/11/2010
PS: "A todos aqueles que nesse momento de imensa dor nos acalentaram, a mim e à minha querida Cibele, com calor humano e palavras de conforto, a nossa eterna gratidão".
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